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No coração das discussões sobre o futuro do trabalho, a inteligência artificial (IA) é tanto uma promessa de transformação quanto um convite à reflexão. Tenho explorado como a IA pode ser uma aliada poderosa, amplificando minhas capacidades analíticas e criativas. Mas, ao pensar no impacto da IA em talentos mais jovens ou em equipes corporativas, surge uma questão crucial: como garantir que ela seja uma ferramenta de crescimento, e não um obstáculo ao desenvolvimento? A resposta, acredito, está em uma analogia inspirada no aprendizado infantil, que se aplica diretamente ao mundo corporativo.
-> A IA como uma “Professora Digital: Potencial e Limites – Imagine a IA como uma professora digital, sempre pronta para responder perguntas, oferecer insights e acelerar processos. Para uma criança, essa “professora” pode despertar curiosidade, personalizar o aprendizado e estimular a criatividade. No mundo corporativo, a IA desempenha um papel semelhante: ela otimiza fluxos de trabalho, fornece análises preditivas e inspira inovações. Ferramentas como chatbots, sistemas de CRM e automação de processos são exemplos de como a IA amplifica a produtividade de equipes, permitindo que profissionais foquem em estratégias de alto impacto.
No entanto, assim como uma criança pode se tornar dependente de respostas prontas, equipes corporativas correm o risco de atrofiar suas competências se a IA for usada sem critério. A automação excessiva pode reduzir o espaço para o pensamento crítico, a resolução criativa de problemas e até mesmo a colaboração humana — elementos essenciais para a inovação e a resiliência organizacional.
->Como Fazer da IA uma Amplificadora no Mundo Corporativo:
Com base em reflexões sobre o impacto da IA em crianças, trago quatro estratégias para transformar a IA em uma aliada estratégica nas empresas, inspirando líderes a moldarem equipes mais fortes e inovadoras:
1. Despertar a Curiosidade Estratégica
Assim como incentivamos crianças a perguntar “por quê?”, as empresas devem usar a IA para estimular a curiosidade dos colaboradores. Por exemplo, ao invés de apenas aceitar relatórios gerados por IA, líderes podem incentivar equipes a questionar: “O que esses dados nos dizem sobre novas oportunidades de mercado?” Ferramentas de análise preditiva, como as que utilizo em Economia, podem ser usadas para explorar cenários, não apenas para confirmar hipóteses.
[Ação prática]: Crie “laboratórios de insights” onde equipes usem IA para testar hipóteses e propor soluções inovadoras, promovendo um mindset exploratório.
2.Personalizar o Desenvolvimento Profissional
A IA pode adaptar respostas ao nível de uma criança, e no mundo corporativo, ela pode personalizar o aprendizado das equipes. Plataformas de upskilling baseadas em IA, como sistemas que recomendam treinamentos com base em gaps de competências, permitem que cada colaborador cresça no seu ritmo.
[Ação prática]: Implemente programas de desenvolvimento contínuo com IA, integrando ferramentas que mapeiem habilidades e sugiram conteúdos relevantes, mas sempre com mentoria humana para contextualizar o aprendizado.
3. Fomentar a Criatividade Colaborativa
Para crianças, a IA pode propor desafios criativos; para empresas, ela pode ser um catalisador de inovação. Por exemplo, em brainstorms, a IA pode gerar ideias iniciais ou conectar dados de diferentes setores, mas o verdadeiro valor surge quando equipes colaboram para refinar essas ideias.
[Ação prática]: Use IA em workshops de design thinking, onde ela fornece inputs iniciais (como tendências de mercado) e as equipes constroem soluções em grupo, reforçando a colaboração humana.
4. Ensinar a Avaliação Crítica
Crianças precisam aprender a questionar respostas da IA, e o mesmo vale para profissionais. No ambiente corporativo, a IA pode fornecer insights, mas a validação humana é insubstituível. Líderes devem treinar equipes para cruzar dados da IA com outras fontes e intuição estratégica.
[Ação prática]: Estabeleça rotinas de “checagem crítica”, onde equipes revisam outputs de IA em reuniões, discutindo limitações e complementando com expertise humana.
->Evitando a “Atrofia Corporativa”
Para que a IA não limite o potencial das equipes, é essencial adotar práticas que equilibrem tecnologia e humanidade:
->Limitar a Automação Excessiva: Use IA para tarefas repetitivas, mas preserve espaço para atividades que desenvolvam competências estratégicas, como negociação ou resolução de conflitos. Por exemplo, em vez de automatizar totalmente o atendimento ao cliente, use IA para triagem inicial, deixando interações complexas para humanos.
->Fortalecer a Colaboração Humana: A IA não substitui a troca de ideias em equipe. Promova momentos de interação presencial ou virtual, como hackathons ou reuniões de cocriação, para manter a conexão entre colaboradores.
->Redesenhar Processos Educacionais: Assim como tarefas escolares devem focar no processo, os KPIs corporativos devem valorizar o “como” tanto quanto o “o quê”. Recompense equipes por experimentação e aprendizado, não apenas por resultados imediatos fornecidos pela IA.
->Proteger a Cultura Organizacional: A IA deve ser integrada com respeito à identidade da empresa. Líderes precisam garantir que ela não substitua valores humanos, como empatia e ética, que definem uma cultura forte.
->O Papel dos Líderes na Era da IA
A analogia com o aprendizado infantil nos ensina que o impacto da IA depende de como a usamos. No mundo corporativo, cabe aos líderes garantir que ela seja uma amplificadora de talentos, não um atalho que comprometa o crescimento.
Como profissional experiente, vejo a IA como uma parceira que potencializa minha expertise, mas também reconheço a responsabilidade de guiar seu uso para as próximas gerações de profissionais. Líderes visionários têm a oportunidade de moldar um futuro onde a IA e o talento humano caminhem juntos.
A pergunta é: como você está preparando sua equipe para esse equilíbrio? Vamos construir juntos um ambiente onde a IA inspire, mas o brilho humano lidere?