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Enquanto o mundo da tecnologia avança a passos largos, o Brasil se vê diante de um desafio monumental: a falta de profissionais qualificados para impulsionar esse setor vital. Estimativas da Brasscom [Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais] alertam para um déficit que pode atingir 530 mil especialistas até 2025. Mas há um obstáculo, ainda mais, intrincado: a resistência das empresas em abrir as portas para os talentos em início de carreira na área de tecnologia.

Faltam oportunidades para iniciantes

Uma pesquisa impactante conduzida pela Catho, em 2022, revelou que 70% dos recrutadores preferem candidatos com experiência prévia, relegando os recém-formados a uma posição desfavorável no mercado de trabalho. E não para por aí: segundo um estudo da Gupy em 2023, 65% das vagas em tecnologia exigem experiência profissional, até mesmo para cargos juniores. Os números são assustadores no LinkedIn Brasil também, mapeamento mostra que 80% dos jovens profissionais de tecnologia, com menos de 2 anos de experiência, buscam desesperadamente o seu primeiro emprego.

Barreiras no ambiente corporativo

Por trás dessa relutância das empresas de prover oportunidade de trabalho para pessoas, em início de carreira, estão diversas barreiras. A cultura organizacional, muitas vezes, privilegia a experiência em detrimento do potencial, criando um ciclo vicioso para os iniciantes. Além disso, a falta de investimento em treinamento e desenvolvimento de novos talentos reflete na escassez de profissionais qualificados. E não podemos ignorar o preconceito e a discriminação, que marginalizam os recém-formados e aspirantes a seu primeiro emprego na área.

Impactos da falta de oportunidades

Os impactos dessa falta de oportunidades reverberam por todo o setor tech.  As empresas lutam para encontrar profissionais qualificados, a desigualdade no mercado de trabalho aumenta e os talentos mais promissores buscam por uma chance no exterior. A longo prazo, essa conjuntura ameaça minar o desenvolvimento do segmento de tecnologia, no Brasil, e comprometer sua competitividade global.

Mudanças necessárias

Para superar esse desafio gigantesco, é imprescindível que as empresas mudem sua mentalidade e adotem uma postura mais inclusiva em relação aos talentos em começo de trajetória. Isso implica em investir em treinamento e desenvolvimento, combater o preconceito, a discriminação, criar programas de trainee e estágio para oferecer oportunidades reais aos aprendizes. Ademais, o poder público tem um papel fundamental quando o assunto é criar um ambiente propício para o primeiro emprego na área de tecnologia, especialmente para compor a mão de obra de pequenas e médias empresas.

Conclusão

A falta de disposição das empresas em favorecer o primeiro emprego é um desafio que exige uma resposta urgente. Somente por meio de mudanças culturais, investimentos em capacitação e políticas inclusivas será possível formar uma força de trabalho qualificada e impulsionar o desenvolvimento do setor de tecnologia no Brasil. É hora de agir e garantir que todos tenham oportunidades justas de ingressar e progredir nessa área essencial para o futuro do país. Este é o momento de transformar desafios em oportunidades e abrir caminho para um futuro mais promissor para todos.

Por Fernando Santos- Presidente da Assespro-MG, CEO e Founder da System Service, líder de desenvolvimento tecnológico na Abrasel, vice-presidente do Conselho de Inovação na ACMinas e vice-presidente no Brasil Digital para Todos. Empreendedor apaixonado por tecnologia, ajuda as pessoas no processo de maximização de seus negócios por meio da transformação digital. Está à frente de projetos de letramento e inclusão digital.