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A evolução das aplicações para casas inteligentes
Os fabricantes de dispositivos, bem como os provedores de software e serviços, terão que prestar muita atenção às novas políticas e regulamentações governamentais para garantir que seus produtos sejam realmente seguros.

*Por Luiza Dias

De acordo com a ABI Research, os envios de hardware para casas inteligentes (na sigla em inglês smart homes) devem aumentar, a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) em 9,4%, ultrapassando a marca de 1,7 bilhão de dispositivos até 2030.

À medida que nos aproximamos desse momento, é provável que vejamos o mercado de casas inteligentes se tornar a base de atividades chave na vida das pessoas, podendo ser relacionadas à saúde, varejo, mobilidade, energia e muito mais. Conforme essa mudança na gestão de casas inteligentes ganha força nesses setores, um elemento crítico para seu sucesso será ganhar a confiança do consumidor. Para conquistar essa confiança, todos os dispositivos necessários para tornar uma casa “inteligente” precisam oferecer segurança aos compradores.

Além disso, os fabricantes de dispositivos, bem como os provedores de software e serviços, terão que prestar muita atenção às novas políticas e regulamentações governamentais para garantir que seus produtos sejam realmente seguros.

Agora, vamos analisar três dos principais segmentos do mercado de casas inteligentes que serão impactados por essa evolução nas aplicações.

Segurança Física

Iremos começar explorando o mercado de segurança física residencial, um dos setores verticais onde as casas inteligentes começaram a tomar forma. Os sistemas de segurança física consistem principalmente de campainhas inteligentes, fechaduras inteligentes, sensores de contato e movimento, câmeras de vídeo sem fio e painéis de controle. Sistemas de segurança residencial como Ring, Simplisafe e Wyze têm crescido ao longo dos anos, tornando-se uma das principais aplicações do setor. Porém, embora essas aplicações sejam extremamente populares, especialmente nos EUA, produtos como câmeras de vídeo sem fio são propensos a invasões cibernéticas.

Na comunidade de cibersegurança, é raro haver alguém que não se recorde de um dos incidentes mais notáveis, o Mirai Botnet, que ocorreu em 2017. Os criminosos por trás do botnet infiltraram o site do popular jornalista de cibersegurança Brian Krebs. O ataque de Negação de Serviço Distribuído (DDoS) durou dias, precisamente 77 horas, e envolveu 24.000 dispositivos infectados pelo Mirai, incluindo câmeras de vigilância pessoal.

Voltando para 2023, em junho, a Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA concluiu um caso com o proprietário da Ring, a Amazon. A gigante do varejo online concordou em pagar à FTC quase US$ 31 milhões em multas para resolver ações judiciais federais recentemente apresentadas por violações de privacidade. A FTC alegou que a Ring comprometeu a privacidade dos clientes, permitindo que qualquer funcionário ou contratado acessasse os vídeos privados dos consumidores. A FTC também afirmou que hackers usaram a funcionalidade bidirecional das câmeras Ring para assediar e até ameaçar fisicamente os consumidores – inclusive crianças – se eles não pagassem um resgate.

Esses tipos de incidentes ilustram claramente o quão crítico é garantir a segurança de dispositivos como câmeras em uma casa inteligente. Mas, além disso, também explicam por que é imperativo que os fabricantes de dispositivos construam a segurança desde o início para evitar ocorrências tão perturbadoras.

Gestão de Energia

Outro segmento que tem fortes raízes na gênese das casas inteligentes é a gestão de energia. Mais especificamente, os termostatos inteligentes, que se tornaram extremamente populares para Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ESCOs) e companhias, pois permitem programas de resposta da demanda e reduzem a pressão na infraestrutura durante períodos de alta demanda. Em 2022, mais de 140 milhões foram instalados em todo o mundo e espera-se que o crescimento desse número continue pelo menos até 2030. No Reino Unido, o governo vem afirmando desde o ano passado que todos os fornecedores de gás e eletricidade devem “implementar medidores inteligentes e avançados para seus clientes que ainda não utilizam soluções inteligentes até o final de 2024”. Isso criará ainda mais demanda no Reino Unido, além da tendência mundial.

Toda essa expansão no setor de energia de casas inteligentes criará uma ampla gama de aplicações e serviços, como aquecedores de água, sistemas de gestão de energia para toda a casa e carregadores para veículos elétricos. Esses desenvolvimentos são interessantes, especialmente o último. Mas a questão é que a conectividade desses dispositivos, assim como de qualquer objeto conectado à IoT, tem a probabilidade de ser hackeada. Por isso, esses aparatos precisam considerar não apenas a segurança dos dispositivos para residências individuais, mas também para bairros mais amplos.

Saúde

Assim como a segurança física e a gestão de energia, o mercado de saúde tem a capacidade para um enorme crescimento em termos de dispositivos IoT em casas inteligentes. Desde monitores de sono, smartwatches, balanças inteligentes até monitores de glicose no sangue, são muitos os tipos de aplicações conectadas que provavelmente farão parte das redes de casas inteligentes.

Nos Estados Unidos, devido ao envelhecimento populacional, é necessário acompanhar o bem-estar das pessoas. Isso está dando origem a aplicações para Ambiente de Vida Assistida, bem como Sistemas de Resposta de Emergência Pessoal (utilizados em situações como quando um idoso cai e não consegue levantar).

Adicionalmente, de maneira mais geral, haverá oportunidades nas casas inteligentes para dispositivos conectados que acompanham problemas de saúde de longo prazo, como diabetes ou apnéia do sono, que requerem monitoramento regular.

O que torna esse tipo de cuidado com a saúde mais interessante – e algo a ser observado – é que esses tipos de dados provavelmente estarão sujeitos a regulamentação em todo o mundo. Isso aumentará a pressão pela necessidade de proteger esses dispositivos. Tanto os Estados Unidos quanto o Reino Unido já propuseram legislações específicas sobre a segurança de dispositivos de saúde conectados e o resto do mundo provavelmente seguirá essa tendência.

Atualmente, os setores médico e de saúde são, infelizmente, um dos principais alvos de hackers. Esses ataques são extremamente preocupantes e continuam acontecendo – e isso ocorre em ambientes muito controlados, com grandes equipes de TI e orçamentos de cibersegurança.

Os moradores de casas inteligentes, por outro lado, não terão esse mesmo nível de proteção cibernética. Portanto, é imperativo que a segurança das aplicações IoT para casas inteligentes seja cuidadosamente planejada e que a proteção de um dispositivo seja pensada desde a sua criação.

*Luiza Dias é presidente da GlobalSign Brasil.

Fonte: Portal IPNews.